Sobre o Coprófago.

“A haver uma razão crível para a nossa estada terrena, esta poderá prender-se, em grande parte, pela existência de Arte e da efectiva expressão artística; isto é, em termos prazerosos e motivacionais. considerando-nos hedonistas e, até ver, incapazes de renunciar à doutrina enunciada, decidimos proceder à criação de um projecto que afecto fosse à auto-realização nossa.

Somos, se porventura vos interessar saber, três jovens de ainda vinte primaveras inatingidas que, desprovidos de afazeres de interesse maior, se uniram na pretensão de conceber algo social e culturalmente pertinente.”

Por mero saudosismo, ainda não fui capaz de retirar esta descrição do blog. O Coprófago é um projecto que vive, intermitentemente, há algum tempo, desde o agora longínquo ano de 2011. Na altura, dedicávamo-nos à breve opinião e bajulamento de certas obras artísticas que admirássemos, num tom muito loquaz e nem sempre construtivo, e fazíamo-lo amiúde. Contudo, o passar do tempo foi mais forte que a nossa perserverança, e um tão bem-intencionado projecto acabou relegado para um segundo (ou terceiro) plano. Alimentando-se da sua própria coprofagia, o que, convenhamos, é uma forma poética de perecer.

O nosso auto-proclamado hedonismo nunca esmoreceu, embora se admita que houve intervalos de variada intensidade. Por vezes, pareceu possível abdicar da arte e viver em renúncia à sua necessidade. Que loucura!

Sem prazos nem obrigações, o Coprófago continua inabalável na sua identidade, e estendeu a sua influência ao meio radiofónico através de duas horas semanais – A Mosca e a Quintessência – na mui nobre Rádio Universitária do Minho. A Mosca é agora um programa independente, que distribui directamente para podcast, e com emissões, em directo, na rádio online Rádio Lisboa: sexta para sábado, a partir da meia-noite.

O nosso trabalho tem um meio, muito mais importante que o hipotético fim de se tornar “social e culturalmente pertinente”. Até lá, por este lado estarão os três eternos jovens munidos de mais umas primaveras somadas.

Alexandre Pinto

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